1ª semana

Segundo turno

Em uma virada não prevista pelos institutos, não esperada pela liderança e bastante comemorada pela oposição, as eleições presidenciais no Brasil foram para o segundo turno. O Radar Eleitoral entra agora em uma nova fase trazendo semanalmente um resumo das reações e impressões do eleitorado frente a corrida pelo planalto.

Os candidatos têm agora mais tempo para detalhar suas propostas e abocanhar sua fatia dos quase 20 milhões de eleitores de Marina Silva, terceiro lugar nas urnas no primeiro turno, que fizeram a diferença e agora podem decidir o pleito deste ano.

Dilma Rouseff teve 46,91% dos votos, enquanto José Serra conquistou 32,61%, uma diferença de pouco mais de 14 milhões de votos.

Segundo especialistas em campanhas eleitorais, talvez um dos pontos chaves da não vitória de Dilma no primeiro turno se deva às inúmeras correntes difamatórias que surgiram e se espalharam com rapidez pela rede, contaminando o eleitorado indeciso.

Em reposta às supostas mentiras, o site oficial da candidata estreou na semana passada a seção Em nome da verdade. A área contem textos, fotos e vídeos que funcionam como contra-respostas, procurando munir os cabos eleitorais com informações para combater o que eles chamam de 'corrente do mal'.

Entre os boatos que circularam essa semana nas redes sociais, selecionamos dois tópicos de destaque.

Legalização do Aborto

Afinal, quem é favor e quem é contra?


Perceba o primeiro ponto no panfleto ao lado: "legalização do aborto até os 9 meses de gestação". Segundo o texto, não só esse, mas outros compromissos polêmicos como a liberação do uso da maconha estariam no Programa Nacional de Direitos Humanos 3.

Aprovado por decreto no fim do ano passado pelo presidente Lula, o documento não tem força de lei, sendo uma espécie de carta de intenções com intuito de nortear as decisões de governo nos próximos anos. Quando eleito o próximo presidente, bem como deputados e senadores, deve, levar em conta essas diretrizes na formulação de políticas públicas nacionais.

Sobre a prática do Aborto, a redação final da última atualização do documento em maio de 2010 diz na verdade "Considerar o aborto como tema de saúde pública, com a garantia do acesso aos serviços de saúde." (item G/pag 91).

De fato, é essa a mesma posição defendida pela candidata, como cita o texto publicado no site oficial também em maio. Para esclarecer ainda mais a situação, foi publicado outro texto onde se afirma que, pessoalmente, Dilma é contra aborto.

Diferentemente do início da campanha, quando afirmava que não iria discutir a temática, muito menos mudar a legislação, Serra posiciona-se agora contra a legalização do aborto. É o que se afirma em uma matéria republicada no site oficial do candidato.
@andrequimico via twitpic


Uma das imagens mais retuitadas dessa semana mostra um panfleto com supostos compromissos da candidata Dilma com o Plano Nacional de Direitos Humanos 3 aprovado por Lula no fim de 2009.

Segundo o ranking Topsy, desde a sua publicação em 2 de outubro, foram mais de 600 tweets que citaram o endereço da imagem.
A atual preocupação dos candidatos em explicitar suas posições se deve à importância do voto de religiosos na definição deste segundo turno. Segundo análises, Dilma perdeu votos entre essa parcela do eleitorado graças à disseminação de boatos que confundiram o eleitor.

No início de agosto fizemos uma postagem que explicita a situação alarmante da prática no país, detalhando a posição de cada candidato. Segundo pesquisas, ao chegar aos 40 anos, uma em cada cinco brasileiras já terá feito pelo menos um aborto. Saiba mais sobre o assunto.

O fogo amigo de Ciro Gomes

Oposição ou Aliado?


No início do ano, antes do anúncio das candidaturas e das coligações partidárias que iriam disputar o pleito em 2010, o deputado federal Ciro Gomes estava cotado para disputar a presidência da república, o que seria sua terceira tentativa.

Em uma manobra política do PT e outros partidos aliados, Ciro não teve apoio político que sustentasse a candidatura e viu seus planos não se concretizarem. No fim de abril desse ano já não era mais considerado pré-candidato.

Em paralelo à esses acontecimentos, o deputado concedeu às emissoras de televisão duas entrevistas a respeito do jogo político no país. O vídeo ao lado é uma edição com trechos dos programas É notícia, da Rede TV! em 26 de abril, e do jornal SBT Brasil, exibido um dia depois.

Entre as falas mais polêmicas estão o trecho em que ele classifica Michel Temer, atual vice na chapa de Dilma, como chefe de um bando de assaltantes que seria o PMDB e um outro em que afirma que José Serra é mais preparado que a petista.

Essas declarações poderia ter sido esquecidas no passado, mas quando Ciro nesse último 5 de outubro entrou para coordenação de campanha da candidata do PT, apareceu a janela para usarem os vídeos como munição contra Dilma.


Com mais de 60 mil exibições, o vídeo não sai do ranking dos mais vistos no YouTube desde 8 de outubro, data que foi postado, já ultrapassando também a barreira dos 1000 comentários.

A qualidade do vídeo impressiona por não ser comum em produções espontâneas da rede, e somado ao fato do canal CIRUOSES só ter atualmente esse vídeo, muitos usuários tem levantado suspeitas a respeito de sua origem e das intenções da edição.

As reações mais comuns entre os usuários são risadas da situação e mensagens pedindo para que os amigos vejam o vídeo, que ganhou ao longo da semana derivados menos assistidos como Ciro "Vaselina" Gomes.

Segundo o Youtube, entre os principais responsáveis pela disseminação do vídeo estão o blog do Reinaldo Azevedo da Veja, e dois tópicos em comunidades do orkut, uma na José Serra - Presidente e outra na Fora Lula.

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